Resumo

Croton campestris A. (Euphorbiaceae), conhecida como velame-do-campo, é um arbusto originário do Brasil, com grande aplicação na medicina popular no tratamento de doenças como impigens, tumores, doenças de pele, úlceras, entre outros. Busca-se frente ao aumento da resistência bacteriana, novas fontes de medicamentos que possuam atividade antimicrobiana, ou ainda, modifiquem essa resistência aos antibióticos disponíveis. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade moduladora da resistência de C. campestris A. frente a cepas de S. aureus. O extrato etanólico bruto de C. campestris A. foi obtido através de percolação em etanol 96%, seguida de concentração em evaporador rotativo a 40°C. A Concentração Inibitória Mínima (CIM) do extrato e do antibiótico foram determinadas em caldo BHI através do método de microdiluição, foram utilizadas cepa de S. aureus ATCC 25923 e cepas ambulatoriais resistentes a eritromicina. O extrato foi diluído em solução de dimetilsulfóxido 10% e a eritromicina foi diluída em solução salina 0,9%, o ensaio foi realizado usando suspensões de microrganismos a 106 UFC/mL. Para a verificação da CIM, utilizou-se solução aquosa de resazurina, seguido de incubação à 37 °C. Para a avaliação da atividade moduladora de resistência do extrato, determinou-se a CIM do antibiótico na presença de uma concentração sub-inibitória (1/8 da CIM) do extrato. O cálculo da concentração inibitória fracionada (CIF) foi realizado para a obtenção de um coeficiente que indicasse se a associação do extrato ao antibiótico produzira efeito sinérgico (CIF<0,5), indiferente (4,0>CIF>0,5) ou antagônico (CIF>4,0). Os experimentos foram realizados em triplicata. Os resultados mostraram que a associação do extrato com a eritromicina apresentou efeito sinérgico sobre as cepas ATCC 25923 e SA2, pode-se inferir que C. campestris A. possui compostos fitoquímicos que afetam mecanismos intrínsecos ou adquiridos de resistência dessas cepas, como por exemplo, bombas de efluxo e alterações de proteínas de ligação do antimicrobiano com a bactéria. Os resultados sugerem que além de possuir atividade antimicrobiana, C. campestris A. possui capacidade de modificar a resistência das cepas testadas à eritromicina, podendo assim ser fonte para maiores estudos bioprospectivos para desenvolvimento de novos medicamentos fitoterápicos.